Há quase dez anos que apenas concorria à direção do CFP uma chapa única, do movimento “Cuidar da Profissão”, única tendência política organizada do movimento profissional de Psicologia. Contudo, no final do VI- CNP – Congresso Nacional da Psicologia, congresso que delibera as ações do próximo triênio do Sistema Conselhos de Psicologia, ocorrido em junho desse ano em Brasília, apresentou-se uma chapa de oposição chamada “Consolidação”.
A presença de outra chapa chamou a atenção dos psicólogos. Qual a sua plataforma política? Que posições diferentes para a categoria dos psicólogos ela pretende implementar, caso seja eleita? Imbuídos por tal curiosidade os psicólogos pós-graduandos do Instituto de Psicologia da USP decidiram pela organização de um debate com as duas chapas concorrentes ao CFP, com previsão de realização no Instituto de Psicologia da USP no horário de almoço, tendo eu Domenico Hur (psicólogo e aluno de doutorado da USP) ficado responsável pela organização do debate. Tomei tal atribuição com entusiasmo, visto que fui um dos psicólogos delegados de São Paulo no VI CNP e por ter escrito dissertação de mestrado sobre a história das entidades profissionais da Psicologia (“Políticas da Psicologia de São Paulo: as entidades de classe durante o período do regime militar à redemocratizaçã
Dessa forma, representantes das duas chapas foram contatados para participar do debate. Com a aceitação prévia de ambos os lados, decidiu-se mudar o horário do debate, pois se entendeu que o horário noturno seria melhor para a participação dos psicólogos. Como o acesso noturno ao campus da USP é dificultado, após às 20h tem acesso à USP apenas membros da comunidade-USP, preferimos modificar o local do debate para um local mais acessível. Sendo assim, contatei a secretaria do CRP-06 solicitando o uso do auditório para o referido debate. No entanto, de terça à quinta (21 a 23/08) o auditório do CRP já estava reservado para as atividades do dia do psicólogo, restando assim apenas a noite do dia 24/08. Consultei as duas chapas em relação a alteração e ambas foram favoráveis a ela. Tinha como interlocutor da chapa Consolidação a presidenta Marlene Cristina de Aguiar e como interlocutor da chapa Cuidar da Profissão o tesoureiro André Isnard Leonardi. A chapa 22 – Consolidação acenou com a participação do representante Alan Galleazzo (PR), e caso este não pudesse participar a presidenta do grupo se comprometeu (por conversa telefônica) e a chapa 21 – Cuidar da Profissão disse que provavelmente iria um representante de São Paulo.
Com tudo confirmado, nosso coletivo de pós-graduandos de Psicologia da USP, que não tem filiação política a nenhum desses dois grupos, passou a divulgar o debate. O CRP-06 cedeu o auditório para a atividade, não tendo responsabilidade pela organização desta. Até então, este era o único debate marcado entre as chapas em todo o território do país.
Entretanto, na véspera do debate, dia 23/08 no período da tarde, os representantes do Consolidação desconfirmaram sua participação no debate. Justificaram a ausência com críticas à gestão do CFP e, mesmo com minha insistência não quiseram participar. Disseram que o representante Alan Galleazzo não poderia ir. Perguntei então dos quatro representantes de São Paulo. A presidenta me respondeu que uma já havia se desligado da chapa e que as outras não iriam ao debate. Contatei o Cuidar da Profissão e informei da desistência do Consolidação em participar do debate. O representante do Cuidar disse que participaria do debate por respeito aos psicólogos e que lamentava a ausência da oposição.
No dia 24/08 de manhã recebi uma ligação da Comissão eleitoral do CFP. Sou informado de que a Chapa 22 – Consolidação entrou com representação para cancelar o debate que estávamos organizando pois afirmou que não foi convidada para o debate e que um CRP não devia organizar um debate sem convidar as duas chapas concorrentes. Fiquei estarrecido com tal informação, pois desde o início ambas as chapas foram convidadas e tal debate estava sendo promovido por outro coletivo: o dos psicólogos pós-graduandos da USP e não pelo CRP-06! Ou seja, a chapa Consolidação desiste de ir ao debate por n razões e ainda quer cancelá-lo utilizando uma manobra política pautada na má fé! Para aumentar minha indignação com a chapa Consolidação, está no site dela http://www.consolid
Para diminuir a ligação do debate com o CRP-06, que apenas cedeu o espaço, contatamos o presidente do Sindicato dos Psicólogos no Estado de São Paulo e pedimos que emprestasse o auditório de sua entidade para o debate. Consideramos que não haveria prejuízo da atividade, visto que o SINPSI se localiza em frente ao CRP-06. O presidente do SINPSI, Rogério Giannini, gentilmente ofereceu sua sede e o sindicalista Tiago Noel, que organizou a infra-estrutura do evento. Fica aqui registrado o agradecimento ao nosso Sindicato e ao CRP-06.
Como havia apenas uma chapa o debate foi feito num clima descontraído em que o Cuidar da Profissão pôde contar sobre sua história e sobre sua plataforma para a próxima gestão, caso sejam eleitos. Na fala inicial colocou-se a importância de efetivar as deliberações do VI – CNP e da constituição do CREPOP.As perguntas do público versaram sobre diversos assuntos, abordou-se a questão do esvaziamento da participação política da categoria, o processo de institucionalizaçã
Mas de qualquer forma o balanço é positivo. Mesmo tendo sido colocado no meio de uma manobra política, acusado de arbitrariedades pela chapa Consolidação, penso que pudemos contribuir com o processo de democratização das entidades de Psicologia, em que pudemos constituir um espaço de diálogo, franco, aberto, face-a-face ao invés de ficarmos escondidos acusando injustamente e sem argumentos os outros. Nossa implicação com o processo, como já disse não estamos filiados a nenhum dos dois grupos, foi com a transmissão das informações e a realização de um debate entre (futuros) representantes e categoria, para que o coletivo possa se apropriar das ações de nossas entidades e conjuntamente constituir caminhos mais democratizados e participativos para uma Psicologia crítica que contribua com uma sociedade menos opressora e mais justa.
RD Suplente - CPP-PST
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