A confecção de um documento um mais extenso e detalhado acerca de nossa posição diante da situação política que estamos passando, refere-se a uma contribuição possível de alunos da pós-graduação do IPUSP interessados em estender o espaço de ação política construído pela ocupação da reitoria para os demais espaços da Universidade e da sociedade. Para esta segunda procurei, ao invés de já esboçar o documento o que nos prenderia muito em detalhes ou seria totalmente deixado de lado , estruturar um organizador para situar os colegas que não puderam estar presentes e nos orientar na nova discussão. Baseado na conversa da semana passada, é possível organizar a discussão em três tópicos que, a princípio, podem ser explorados neste documento:
1) Os efeitos dos decretos e da política estadual sobre a Universidade e a Pós-Graduação: questiona-se aqui a inconstitucionalidade destes decretos (o Artigo 207 da Constituição diz que As universidades gozam de autonomia didático científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão) quanto ao ferimento da autonomia Universitária. Existe uma discussão já avançada em outros espaços sobre as implicações dos Decretos para o funcionamento da Universidade que talvez não caiba reproduzir aqui, mas certamente cabe nos posicionarmos como alunos/pesquisadores na área de Psicologia diante de Decretos que afetam em diversos níveis, direta e indiretamente, nossa atuação e dentro desta perspectiva, cabe também, na medida do possível, olharmos para alguns outros fatores levantados por esta greve como a organização da Universidade e a política governamental que vem sendo praticada em relação às Universidades e a pesquisa.
2) O repúdio ao uso da violência na Universidade: a ameaça da Tropa de Choque como maneira de resolução para o fim da ocupação, ou mesmo a possibilidade da resistência violenta por parte dos ocupadores foi visto como algo a ser duramente criticado. A violência, ou mesmo a ameaça de, como final de um impasse político dá sinais das relações estabelecidas entre Estado e sociedade. Ao mesmo tempo, a Universidade evidencia-se como lugar diferenciado, onde as regras violentas do Estado não atuam da mesma maneira como fora de seus muros (vide que a reintegração de posse por uso da força ainda não foi cumprida, quando em outras manifestações executa-se em questão de horas)
3) A possibilidade da construção do espaço público de mobilização dentro e fora da ocupação: um dos fortes elementos para manutenção da ocupação, além de suas reivindicações de pauta, é a possibilidade da construção coletiva e da ação política real vivida pelos ocupadores. A experiência da ocupação se mostra em si algo politicamente notório ao reunir muitas e diferentes pessoas, de diferentes lugares, para trabalhar e viver junto experiências em torno de uma realização política. Entretanto, levantou-se a discussão de que para que esta conquista política da construção coletiva viva, ela deve desocupar o espaço da Reitoria e poder seguir para uma ocupação da Universidade como um todo, de seu cotidiano e de seus espaços. Este tópico refere-se à possibilidade de pensarmos e talvez propormos, como se daria a multiplicação e a expansão desta conquista política, algo que talvez possa ser nossa principal contribuição.
Redação: Paulo Kohara
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